O que é exatamente por ser tal como é, não vai ficar tal como está. (Brecht)
Percebo que meu orgulho e minha vaidade são maiores do que pensava. Eles me tiram o ar e me afogam em um auto-desprezo único, que fazem ir fundo, lavar-me e voltar purificada. Me seco, me enxergo e não ignoro os tantos defeitos. Me perdôo imediatamente, pois joguei-me, e a dias atrás afirmava que adorava voar, pois então, caí mais uma vez.
Não me dedico ao tempo, pois ele passa, perco-o um tanto e morro em fragmentos,morro de forma baixa, de tal covardia humana, de não fazê-lo vida, e de só deixá-lo ser tempo. E de ser pequena dentro dele, de não dar me luz, de não esquecer-me um pouco. Pois eu não me esqueço, nunca, e partir daí, estão atravancados todos os tempos e temporais, passados e nunca nulos, pois sou e serei pra sempre carregada desse temporário inacabado.
Pratico um exercício de esgotar-me a tantas lágrimas, me culpo, mas ajeito um prazo, e logo oscilo acreditando mais um vez ter sido prejudicada, por tamanha inocência e desejo, por grandes ilusões e medos, por tentar enfrentar os grandes, por não saber meu caminho, por não ter tido bons modos e ao demonstrar
a frágil esperteza.Por querer no fim, somente a doçura.
Não provo um doce a uns bons dias. Me amargo ao me provar e sinto que reflito isso, pois se um dia foi doce, só demonstra-me o fim que chegou.
Perdoe-me, pois eu me peço perdão, pois eu não sei mais com quem falo, alguém me ouve? Quem é você que me lê, ó perdão senhor, entrei em sua casa, sem pedir licença, olha só...demonstrando minhas cores e movimentos tão carentes e vaidosos, pois não me bastava o espelho, não. Queria ouvir-lhe, pedia para puxar-me a orelha e acreditava em cada palavra sua. Tomei conta de seus traumas, e os criei bem direitinho, alimento não os faltaram, pois hoje são eles os monstros que me fazem companhia enquanto a sua, foi-se a tempo. Adormecida, pois não percebi que já estava tão longe, agora me pergunto: Como lhe enxergava tão de perto, como conseguia lhe ver tão bonito...que disfarces usaria para me prender? Imaginei-lhe, imaginei, imaginei, imaginei, imaginei e foi possível, pois aqui dentro tu era lindo meu caro, espaço não teve para teus defeitos, e te fiz único, e me deitei pura.
Que pena, acabo de sair desse dentro, acabo de acordar desse sono, acabo de enxergar-lhe como me mostras e como me fala,te percebo de perto, tão de perto que de tanto ocupar os espaços possíveis de minha visão, me toma, me amedronta e me cala, e me cansa. Quero ir pra longe e deixa-lo em paz, ó senhor e seus discípulos monstros. Vou com minha pequena varinha mágica, afim de fazer um plim e desligar-me desse pavoroso pesadelo que me tomou,e nos tomastes um tanto. No 3: 1, 2, 3.