Conto Pra Ti (fragmento)
Antes de partir, não disse nada. E se voltou o olhar para esquerda, foi pouco. Ali, onde ainda pisava, já não estava mais.
Os passos arrastavam sua longa saia que com o cair da chuva não se enxergava mais o mesmo branco. Branco úmido, que agora também se encontrava o vermelho que escorria das flores e de qualquer outra cor que se acumulava ao andar de cada passo.
A rua parecia empurrá-la para onde em uma hora, poderia-se talvez chegar. Não havia procura. Nem uma paragem.
Já era noite, e o trajeto insistia ao brilhar no asfalto molhado. Agora não resta mais nada, é só seguir. Vá em frente, moça! Confie em mim. Alguém, procurava distraí-la com vozes primeiramente inocentes. Enquanto por uma próxima esquina apareceriam outros pequenos, que logo rodopiaram em sua volta, cantarolando com mínimos brinquedos que piscavam em suas mãos. A quem olhava, parecera uma dança, talvez.
Já era noite, e não mais chovia.
Os olhos continuavam fixos e sem chances de qualquer outro olhar. Os lábios permaneciam apertados e as mãos ainda carregavam o papel de levantar a longa e pesada saia que não mais era branca e úmida. Então, já não possuía apenas a mancha vermelha de flores e de outras mais somadas ali. Havia o peso de sua saia, carregada em água, cores, flores, desejos, ilusões... E agora, a cada andar daquela rua começaria a se deixar esses desejos, ilusões e essas cores, possivelmente retornando ao preto, e dando as mãos a um novo branco, como esse fundo agora, onde escrevo esse conto pra ti.
Palavras Alheias
Por Marcelo Camelo.
Samba 1.875
O sol que insiste agora
é motivo pra não esquecer
você e nós
Sem perceber o Aterro
já não é palco pra ti
e eu me iludi
Não doeu dessa vez
Fui, imaginar
deixar de ser feliz
e se não for negar
o céu até te fez
meu troféu
Guardo aqui
Um sonho sem anel
Meu rosto e aquele véu
você me prometeu
que sem saber
ah você, dessa vez...
Baila, samba, pela orla
e não me venha mais
chorar
Fica, bamba, me balança
que eu talvez posso
voltar
Mas não me interrogue...
Em Sua Cia
Agora é pra valer! Antes de 2006 ir embora, separamos nosso material e simbora com ele debaixo do braço. O trabalho inicial é a coregrafia Nem tudo, um duo de 2002 que valeu a pena ser remontado. Tiramos a trilha, dançamos em silêncio acrescentamos mais um som e variamos bastante. Eu e Alan, mais casados do que nunca! O vídeo tá saindo e logo logo estará disponível pela rede também. Então é isso, to vendendo meu peixe!
Ps: Algumas primeiras fotos do ensaio encontram em meu Flickr, é agora eu tenho um!
Pés
Para toda obra...
Impetuosa Quietude
Daquelas poucas tardes
Embaraçaram-se os dias
E da noite até o amanhecer
não só foram lábios
As horas já não mais cantadas
os passos levemente somados
O calor, o toque
e o mais degustante clichê
pudera eu receber
O incontestável tempo
já nem o vejo mais
Lembro-me de mãos
e não só de ardentes apoios
Sons, beirando entardecer
Acalmam-se em um descanso
Entrego-me ao vento
mergulho em sorrisos mudos
E deito-me vagarosamente
Em sentidos, sensações
dignas ao nosso singular
prazer
Fabulosa quinta-feira
Eu
encontrei com o Marcelo Camelo
pelas ruas de Copacabana
parado no sinal atrás de mim...
Quase morri
Sorri pra ele
e acanhada saí caminhando
dei meia volta
e o encontrei ainda sorrindo
Eu disse que queria um abraço
(enfatizando o momento único)
e ele respondeu
eu tb quero
(com seu olhar maravilhosamente, sereno)
Morri