sexta-feira, novembro 23, 2007


Quando eu era criança pensava sempre em fugir com o circo. Nas vezes em que minha mãe e eu nos desentendíamos, meus dias de pique-pega e doce leite já não pareciam ser tão mágicos. Então eu descia a escada e lá no segundo degrau ficava, a espera do circo chegar.
Engraçado, parecia demorar. E eu, resistia aos berros que vinham lá de cima onde minha mãe tentava me convencer que tudo aquilo era uma palhaçada. Não havia problema. Ali onde eu estava, permanecia imaginando como seria divertido viver num mundo colorido e em volta de figuras fantásticas! Mas essas figuras demoravam e muito...
Meu pai que descia as escadas sorrindo docemente para mim, não demorava muito a me convencer que o melhor seria mesmo eu subir. Então dali eu ia pra janela e aguardava até me cansar o dia em que circo chegaria na cidade. Os dias passaram, pique-pega na rua, chocolate depois do almoço, dever de casa atrasado e puxões de orelha. Até que chega o dia que sou acordada com muito barulho vindo da rua, era o circo chegando.
Sorri, sorri, sorri mas depois lembrei que a vontade de fugir com ele tinha passado. e porque? Não sei, minha mãe não havia brigado comigo naquele dia.
E a noite lá dentro tudo era fantástico, assim como estar do lado da minha mãe sentada no escurinho como todos outros. Melhor ainda era estar de mãos bem dadas a ela, principalmente na hora em que o Globo da Morte começava.