quinta-feira, março 13, 2008

A espera de Pedro

A lua daqui de cima está linda. Talvez não conseguiria explicá-la em palavras. De tanto insistir em observá-la, suponho que sentiu-se acanhada. Preferiu então com que belas nuvens negras a cobrissem através de um lento movimento. Não a vejo mais agora. Penso em ti Pedro.
O céu, ocupado de uma única cor, hoje não possui estrelas. Hoje, não lhe cai bem a vaidade. Não pretende muito mistério. Apesar de tamanha escuridão, percebo o quanto é claro. Não se importa também por encantamentos e admirações. Apenas cumpre o seu papel de trazer a noite e mantê-la por suas possíveis horas. Faz frio agora Pedro.
Saio debaixo das cobertas e me aproximo da janela. Ao olhar para baixo vejo como o acúmulo de árvores não me deixa observar o que se passa na rua. As folhas que caíam na estação anterior, agora pausam pelos galhos compondo o cenário desses dias. Comprei de castanha de caju.
A tv se mantém ligada apenas como companhia para me enganar do silêncio. A sala continua sem cortinas, os sofás mudaram de lugar e o tapete ainda me provoca alergia. A lâmpada da cozinha queimou e agora a pouco deixei a porta da geladeira aberta para encontrar meus analgésicos em comprimidos. Esqueceu suas meias azuis, Pedro esqueceu também suas chaves.
O quarto dos fundos continua quente nos dias de sol. E agora como anoitece mais tarde, perdi o hábito de ligar a linda luminária comprada no ano passado. Deito-me bem tarde também. Ligo um som bem próximo dos meus ouvidos e fecho os olhos para imaginar-te. Continuo a ter sonhos longos, muitos com sua presença.
Atrasei o pagamento das contas do telefone. Talvez um dos motivos de não nos falarmos a um tempo. A caixinha dos correios continua solta. Devo prestar mais atenção nas crianças que brincam pela rua. Talvez sua carta não chegou até mim. Os meninos não me perguntam sobre você. Mostram-se preocupados comigo. Estou bem a sua espera. Acredito que se atrasou na manhã em que se foi. Não nos despedimos. Acordei com as mãos em seu travesseiro e percebi que o pijama que deixara sempre aqui, o levou. Tem se agasalhado Pedro?
Não me disse o tempo que ficaria fora. Acredito que por estas noites deva estar ocupado em suas reuniões. Acumulo hipóteses sobre sua volta, imagino tardes de sol, manhãs chuvosas, ou lindas noites de estrelas por todo o céu. Cuido bem do nosso jardim e acabo de completá-lo agora com belas e delicadas orquídeas. As rosas, suas preferidas permanecem lindas, também a sua espera.
Dona Clarice esteve por aqui logo que saiu, acredito que seu bilhete tenha passado despercebido por ela e se perdeu durante a faxina. Suas gavetas permanecem vazias. No velho baú de madeira acumulam-se papéis soltos e muitas de minhas cartas não entregues a ti. Encontro agora o primeiro verso que te escrevi, breve, acanhado e de palavras soltas.
Os dias caminham longos, estranhos. Não me preocupo com as horas e desloco meus olhos de qualquer relógio da casa. Permaneço só e aproveito-me das freqüentes chuvas como desculpa para não sair. Retomei a leitura do seu conto preferido, pauso agora pelo 14º capítulo.
Espero por sua volta para presentear-lhe com mais camisas listradas, aliás, suas meias já estão ficando velhas. Suas chaves agora possuem um lindo chaveiro que mandei escrever teu nome.
Pedro deixo-as então todas as noites, debaixo dos tapetes na porta da frente e o portão de fora, continua fácil de abrir, caso chegue tarde, e se me encontrar dormindo, por favor, me acorde.

quarta-feira, março 05, 2008

O Encontro






Nesse último sábado pulei pra Juiz de Fora onde apresentei três performances de dança contemporânea, dentro de um espaço delicioso, a Casa de Cultura de Juiz de Fora. Não dá pra escrever muito agora, pois estou num pc de um Hotel em BH onde a hora é um escândalo, melhor nem falar. O importante é que quero registrar e agradecer pelo prestígio, carinho e talentos que também estiveram junto a mim naquela noite. " O encontro" como assim apelidamos a noite, depois de anos com a bailarina e coreógrafa Mariane Mockdesse, Tulio, o menino prodígio e a revelação Ivy, minha irmãzinha.
Pai, mãe, Vitor e Heiberle (meu querido) também estiveram lá para nos assistir. Amo vocês!
Eu volto, porque ainda tenho muito pra falar também desse trabalho maravilhoso aqui em BH com o Afroreggae que me toma 20 dias longe de vocês amores, amores!